Comportamentos opressores e modos de violência
Comportamentos opressores e modos de violência, no etanto, é o tema deste artigo.
Este conteúdo são dos slides da aula do Centro de Mídias (CMSP) da Secretaria de Educação do estado de São Paulo (SEDUC).
Os objetivos dessa aula, no entanto, são:
- Identificar formas de violência, e.
- Reconhecer a violência como tema de reflexão filosófica
Conteúdo: Comportamentos opressores
Violência e filosofia
A violência pode ser definida de diferentes maneiras, no entanto, dependendo do momento histórico e do contexto social em que se vive.
Em nossa cultura, assim sendo, a violência é entendida como o uso da força física e do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à natureza do seu ser. A violência é a violação da integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém. Eis por que o assassinato, a tortura, a injustiça, a mentira, o estupro, a calúnia, a má-fé, o roubo são considerados violência, imoralidade e crime. (CHAUI, 2004, p. 163)
Atividade
A violência, no entanto, é a violação da integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém. Pois, por que o assassinato, a tortura, a injustiça, a mentira, o estupro, a calúnia, a má-fé, o roubo são considerados violência, imoralidade e crime. (CHAUI, 2004, p. 163)
Ação
A partir do trecho selecionado, portanto, reflita e identifique a violência que agride o corpo e as formas de violência capazes de agredir a integridade psíquica. As formas de violência podem ser associadas apenas à criminalidade? Registre as respostas no seu caderno.
Comentário da ação
A violência física deixa marcas no corpo. Mas, a violência psíquica pode ser resultado de injustiça, mentira, entre outras situações de humilhação e constrangimentos. É importante observar que a violência física é também psíquica, na medida em que danos físicos afetam a integridade psíquica, assim como o inverso. Essas formas de violência, em geral estão associadas à criminalidade, mas também podem ser consideradas em relações diversas, como entre amigos, nas redes sociais, etc.
Comportamentos opressores: Violência e filosofia
No contexto da História da Filosofia, a abordagem da violência, mas, em geral, tem sua marca no contexto político, como forma de dominação ou agressão a direitos, ao investir contra o poder institucional. Filósofos, tais como, Aristóteles (1) na Antiguidade, Rousseau (2) na modernidade e Hannah Arendt (3) na contemporaneidade, entre outros, pontuaram as suas reflexões sobre a violência tendo como contexto a política e a esfera dos direitos.
Na obra A Política, Aristóteles, aborda a violência pelo viés da injustiça. Para Aristóteles, a cidade, comunidade política, é condição para a realização da humanidade, no exercício das virtudes e da justiça. Nesse contexto, a injustiça está na falta de discernimento, quando não se é capaz de entender e proceder conforme a justiça.
Tal como o homem é o melhor dos animais quando atinge seu pleno desenvolvimento, do mesmo modo, quando afastado da Lei e da Justiça, será o pior. A injustiça armada é efetivamente a mais perigosa […] A justiça é própria da cidade, já que a justiça é a ordem da comunidade de cidadãos e consiste no discernimento do que é justo. (ARISTÓTELES, p. 55-56).
Rousseau e sua relação com a violência
Na obra Do Contrato Social J. J. Rousseau, mas, reflete sobre um pacto, por meio do qual os cidadãos, manifestando uma vontade geral consentem a constituição de uma sociedade política (Estado) no qual podem confiar a sua segurança e liberdade. O Estado, mediante o pacto estabelecido, tem o dever de proteger os cidadãos e pode se valer de meios para constranger todo aquele que se recusar a respeitar as leis, expressão da vontade geral.
Segundo Rousseau, essa sociedade política, expressão da vontade geral, organizada e regida por leis prevê deveres mútuos de forma a beneficiar a todos igualmente.
A própria vida, consagrada por eles ao Estado, fica continuamente protegida, e quando a expõe em defesa deste, que fazem senão devolver o que dele receberam? O que fazem eles além do que teriam frequentemente feito, e com maior perigo, no estado natural […] (ROUSSEAU, J. J., p. 47 e 49)
todo malfeitor, ao atacar o direito social, torna-se, por seus delitos, rebelde e traidor da pátria; cessa de ser um de seus membros ao violar suas leis […] a conservação do Estado passa a ser então incompatível com a sua (ROUSSEAU, J. J., p. 47 e 49)
Ação
A partir da indicação do seu professor, responda a proposta.
Se concordar com a afirmação apresente faça um ok com polegar para cima, popular joinha.
Se discordar mostre o polegar para baixo.
Algo do tipo, gostou like, não gostou dislike.
Comentando
Segundo Rousseau, a partir dos excertos, qualquer um que agrida ou ofenda o direito social atua contra a vontade geral e, por isso, deve ser repreendido e sofrer punições.
Arendt e Comportamentos opressores
Arendt na obra Sobre a violência, faz uma análise da natureza e causas da violência na segunda metade do século XX. Na sua obra questiona outros pensadores por associarem poder e violência.
Segundo Arendt, o poder corresponde a habilidade humana de agir em conjunto. Dessa forma, o poder não é individual, pertence a um grupo.
Quando dizemos que alguém está “no poder”, na realidade nos referimos ao fato de que ele foi empossado por um certo número de pessoas para agir em seu nome. (AREDNT, 2016, p.61)
Segundo Arendt as relações entre poder e violência não se dão por semelhança, mas por subordinação, pois toda ação violenta por parte do poder é demonstrativo de alguma incapacidade ou vulnerabilidade. A violência é sinal de que o poder está fragilizado. Para Arendt, o poder é a essência do governo e não a violência.
Contudo, vale destacar que por sua natureza instrumental, a violência pode brotar, subordinada ao poder, em situações de guerras e invasões, mas a sua manutenção ao longo do tempo denuncia a fragilidade do poder. A violência também pode funcionar como último recurso:
[…] em assuntos domésticos, a violência funciona como último recurso do poder contra criminosos ou rebeldes – quer dizer contra indivíduos singulares que, por assim dizer, se recusam a ser subjugados pelo consenso da maioria. (ARENDT, H. Sobre a violência, p. 68)
O governo é essencialmente poder organizado e institucionalizado […] não precisa de justificação sendo inerente à própria existência das comunidades políticas; o que ele realmente precisa é de legitimidade […] a violência pode ser justificável, mas nunca será legítima. (ARENDT, H. Sobre a violência, p. 69)
Ku Klux Klan
“Ku Klux Klan” é uma organização terrorista formada por supremacistas brancos que surgiu nos Estados Unidos depois da Guerra Civil Americana. Essa organização é conhecida por perseguir, atacar e matar afro-americanos. Entre 1915 até meados da década de 1940, período de maior influência e atuação, esse grupo chegou a contar com quatro milhões de membros, que aumentou a escalada de violência, incluindo ataques a católicos, judeus e defensores dos direitos dos afro-americanos. O enfraquecimento do grupo ocorreu em razão de disputas internas e o combate do governo contra essa organização terrorista. (UOL Brasil Escola – texto adaptado)
Atividade
A partir das abordagens dessa aula aprendemos a:
- Identificar as formas de violência (física e psíquica) e como elas podem estar associadas;
- Identificar a violência como tema de reflexão filosófica, a partir das contribuições de Aristóteles, Rousseau e Hannah Arendt.
Referências
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. Série Novo Ensino Médio, São Paulo: Ed. Ática, 2004.
ARISTÓTELES, A política. Tradução Antônio Campelo Amaral e Carlos Gomes. Lisboa: Veja, 1998.
ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Trad. André M. Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
UOL Brasil Escola. Ku Klux Klan. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/ku-klux-klan.htm Data de acesso: 24 jul. 2023.
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