Violência simbólica

Violência simbólica é o tema deste artigo.

Estes conteúdos são dos slides da aula do Centro de Mídias (CMSP) da Secretaria de Educação do estado de São Paulo (SEDUC) da disciplina de Sociologia.

Os conteúdos são:

● Conceitos sociológicos relacionados ao poder simbólico; 

● Mecanismos de reprodução da desigualdade que geram violência simbólica.

Os objetivos pessoais são:

• Compreender uma teoria sociológica que relaciona fatores como status social, desigualdade econômica e ação violenta; 
• Analisar a forma como o sentido segregador que conduz à violência se instaura nos códigos das linguagens em diferentes campos da vida social.

O que é violência simbólica?

Agora, no quarto bimestre, estamos discutindo as múltiplas causas e formas de manifestação da violência, entre as quais está a violência simbólica. Que tal conhecer mais de perto uma teoria sociológica que identifica os mecanismos reprodutores da violência simbólica? 

Pierre Bourdieu e o poder simbólico

O sociólogo francês explica o mecanismo social que resulta no prestígio conquistado por indivíduos. No entanto, esse prestígio não é acessível a outras pessoas que compartilham das mesmas facilidades, privilégios e oportunidades sociais. Isso não ocorre apenas porque não pertencem à mesma classe social, mas, também, porque não adquiriram os mesmos símbolos e códigos culturais que conferem poder e reconhecimento.

Esses símbolos, embora possam ser tão concretos quanto qualquer objeto material, são implícitos – nem todos conseguem reconhecê-los, vê-los ou ouvi-los, simplesmente porque nunca tiveram contato com eles. Esses símbolos são herdados da família, aprendidos na escola e em ambientes culturais aos quais nem todos têm o mesmo tipo de acesso. Eles se manifestam por meio da linguagem e são evidentes em gestos e preferências, como bebidas, roupas, sotaque, conhecimento de línguas estrangeiras, inclinação para as artes, entre outros.

Na prática

Relate alguma situação embaraçosa em que você se sentiu constrangido por uma pessoa ou grupo por desconhecer uma informação, música da moda, série de streaming, celebridade/ personalidade da internet e afins.

Foco no conteúdo

O domínio e a fluência de um indivíduo nos códigos e símbolos de poder, expressos na linguagem, estão fortemente relacionados à sua situação econômica e origem social. No “campo” em que se encontra, o sujeito possui diferentes alternativas. Isso significa que não está destinado a um futuro inevitável: ele pode fazer escolhas, como decidir se vai estudar até a faculdade, e até mesmo pode alcançar ascensão social, obtendo melhores condições materiais do que aquelas com as quais está familiarizado desde o nascimento.

Contudo, essas escolhas são limitadas pela posição objetiva que o indivíduo ocupa nesse campo, a qual está sujeita a interferências de muitas outras forças e interesses distintos do seu.

Tá, mas e a violência?

A violência simbólica é exatamente isto: o sujeito é excluído de diversas oportunidades de satisfazer seus desejos por não possuir os códigos ou o capital cultural necessários para fazer parte dos grupos socialmente prestigiados. Ao mesmo tempo, esses grupos exibem seu poder simbólico sem se importar se isso resulta em constrangimento ou ofensa para outros. Muitas pessoas sentem-se culpadas por desconhecer algum código que, para outros, é considerado algo natural. Fazer com que o outro se sinta ignorante também é uma forma de violência.

[…] violência simbólica, violência suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última instância, do sentimento (Bourdieu, 2017, pp. 5-6).

Na prática

Considerando a teoria do sociólogo Pierre Bourdieu sobre o poder simbólico, discuta como a violência simbólica pode ser exercida nas relações sociais e como ela contribui para a reprodução das desigualdades de poder (econômico, político) na sociedade contemporânea. 

Autoridade legítima?

A autoridade “legítima” é algo familiar para as elites que exercem o poder simbólico, devido à sua origem social. Isso acontece porque o estilo de vida que essas elites desfrutam se torna normativo, enquanto pessoas externas a esse contexto só conseguem aprendêlo de maneira artificial ou antinatural, como por meio da educação formal. Essa é a razão da conhecida expressão de Bourdieu, “legitimação do arbitrário”.

Finalizando

O conhecimento de certas regras, como as da arte, por exemplo, confere poder a um indivíduo. Bourdieu afirma que essas normas simplesmente traduzem, no plano da linguagem, a visão de mundo e o ambiente cultural que são “naturais” ou familiares para quem desfruta de autoridade e prestígio. Ao mesmo tempo, o processo de adquirir tais poderes simbólicos se disfarça sob outras denominações, como mérito, talento ou dom.

Aplicando: violência simbólica

Qual das seguintes afirmações está de acordo com a teoria de Pierre Bourdieu sobre o poder simbólico e a violência simbólica? 

a. A violência simbólica é um fenômeno exclusivo das sociedades pré- -modernas, não sendo relevante nas sociedades contemporâneas.

b. A violência simbólica é uma forma de coerção física direta que visa impor a vontade de um grupo sobre outro.

c. A violência simbólica ocorre apenas em contextos políticos, não tendo influência nas relações sociais cotidianas.

d. A violência simbólica é exercida por meio de processos de dominação cultural, que moldam a percepção e o comportamento dos indivíduos, tornando-os subservientes às normas e aos valores impostos pelo grupo dominante.

Resposta:

Qual das seguintes afirmações está de acordo com a teoria de Pierre Bourdieu sobre o poder simbólico e a violência simbólica? 

a. A violência simbólica é um fenômeno exclusivo das sociedades pré- -modernas, não sendo relevante nas sociedades contemporâneas.

b. A violência simbólica é uma forma de coerção física direta que visa impor a vontade de um grupo sobre outro.

c. A violência simbólica ocorre apenas em contextos políticos, não tendo influência nas relações sociais cotidianas.

d. A violência simbólica é exercida por meio de processos de dominação cultural, que moldam a percepção e o comportamento dos indivíduos, tornando-os subservientes às normas e aos valores impostos pelo grupo dominante.

Referências

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. Tradução de Sergio Miceli. São Paulo: Ática, 1974.

____________. “Gostos de classe e estilos de vida”. In: ORTIZ, Renato (org.). Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

____________. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.

SÃO PAULO (Estado). Currículo Paulista: Etapa Ensino Médio, 2020. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wpcontent/uploads/2020/08/CURRÍCULO%20PAULISTA%20etapa%20Ens ino%20Médio.pdf. Acesso em: 04 out. 2023.