Minha Sogra, Minha Segunda Mãe
Inicio este texto citando parte do poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado Para sempre, no qual o poeta diz: “Por que Deus permite que as mães vão-se embora?”.
Ampliando o debate, de fato, nem sempre os entrelaces sanguíneos definem o amor materno.
Certas pessoas entram na nossa vida de tal forma que acabam assumindo um papel essencial na nossa existência.
Minha sogra foi, na minha vida, uma dessas pessoas especiais, enfim, verdadeira mãe de coração e de ação.
A partir do momento que comecei a fazer parte da família, ele me acolheu como filho.
Uma “baixinha” no tamanho, no entanto, sempre com uma fé “gigante” e inabalável.
Embora não possuísse alto grau de escolaridade, sua sabedoria era singular e ampla.
De forma exemplar, entendia profundamente a vida, sobre relações humanas e fé.
Afinal, a simplicidade do seu jeito silencioso, era tão profunda e rica e transcendia qualquer saber acadêmico.
Com sabedoria, sabia dar os melhores conselhos.
Sua fé a conduzia de tal maneira, que sua devoção não era uma simples prática de preceitos religiosos, mais do que isso, um estilo de vida, de oração, doação e serviço.
Afinal, sempre solidária e empática, sem ao menos saber as definições dessas duas palavras. Simplesmente agia.
Sua existência e seu coração generoso deixava qualquer existência mais leve.
Infelizmente, o João Miguel (meu filho e neto dela), não vai poder tomar o leite preparado pela dona Elsa, como o achocolatado “salpicado” sobre o leite. E isso é apenas uma das privações que ele vai ter de conviver com a ausência de uma pessoa maravilhosa.
Agora, entendo e agradeço por ter sido presenteado por Deus pela sua presença, dona Elsa.
Sua força, sua fé, seu amor incondicional por sua família (esposo, filhas, eu e todos da família) são memórias que levarei sempre comigo.
Você não foi somente uma parente ou minha sogra, foi uma verdadeira mãe para mim, digna de admiração e respeito.
Brigávamos? Claro que sim. Não é mesmo baixinha pilantra, zoio de minhoca…? Mas, tudo se acabava na esfera do amor e do carinho.
Obrigado Deus, por um tempo ter sido cuidado e ter recebido os carinhos dessa mulher fora do comum.
Você vai viver em mim todos os dias da minha vida.
Agradeço minha sogra, minha mãe de coração.
No céu hoje tenho três mães: minha mãe biológica (Neusa), minha mãe do coração (Elsa) e Nossa Senhora (Mãe Espiritual).
Findo citando Drummond: “Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho”.
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