Rádio no Brasil
Rádio no Brasil tem mais de anos
Radialista Pingo D’Água fala sobre sua trajetória artística e radiofônica
* POR MÁRCIO ALEXANDRE DA SILVA
Em comemoração aos 90 anos do Rádio no Brasil, elaboramos diversos artigos sobre pessoas ligadas ao universo radiofônico de Assis e Região.
Neste primeiro momento, homenageamos o radialista Pedro de Fausto Andrade, mais conhecido como “Pingo D’Àgua”, e também como “o homem sorriso do rádio”. É um dos artistas mais populares da cidade de Assis e região, e agora, devido à internet, tornou-se conhecido nacional e internacionalmente. Com suas frases marcantes, tais como: toca maestro; prega fogo maquinista; balança a roseira; deixa cair, entre outras, ele anima os ouvintes com originalidade e alegria.
Esbanjando simplicidade sem perder a sabedoria, o locutor, atenciosamente, nos recepcionou em seu emprego para a produção deste artigo. O artista Fausto lembrou do início de sua carreira como radialista, em 1981, na rádio Difusora AM da cidade de Assis. Como cantor, em 1976, ano em que formou a dupla Piracaia e Pingo D’Água: “Cantamos nove anos juntos”, relembrou. O locutor conta que o parceiro (Piracaia) era um grande compositor. E quanto ao término da dupla, relata entristecido: “Quando morreu o Piracaia acabou a dupla e o sonho de ser cantor”. Então, decidiu ficar no rádio como locutor.
Com relação ao nome artístico pelo qual ficou conhecido, explicou que o nome foi dado pelo amigo Piracaia: “Quando cai a chuva na folha de inhame a água fica na folha, formando os pingos d’água”. O nome artístico também está relacionado à música “Pingo D’ Água”, de João Pacífico.
Pingo falou da música popular brasileira caipira e raiz, e acredita que: “Ela [a música caipira] continua no trono. Jamais ela morrerá”. O comunicador ressalta que: “A música caipira já passou por momentos difíceis. De 1960 a 1970 perdemos muito espaço para a Jovem Guarda. Mas, de 70 até os dias atuais, a música raiz vem crescendo, com Sérgio Reis, Belmonte e Maraí, Milionário e José Rico, Gilberto e Gilmar, Chitãozinho e Xororó e outros”.
Com relação à possível substituição da ‘papisa’ da música raiz num programa televisivo, disse: “A Inezita Barroso está para se aposentar na TV Cultura de São Paulo. Inclusive meu nome foi cogitado por um locutor de Marília para substituir a mesma. Não é que eu deva substituí-la, mas, o fato de meu nome ser lembrado, isto para mim é motivo de orgulho, pois poucas cidades têm programas com músicas raízes e nós nos mantemos com boa audiência”, disse Andrade.
Pingo falou, também, da fidelidade dos ouvintes dos programas de música raiz: “Eu tenho ouvintes do meu programa desde 1981, quando comecei no rádio. São ouvintes fiéis, sintonizados até hoje”. Orgulhoso, conta que “Já caiu em faculdade, querendo saber quem era o compositor do Menino da Porteira e alguns universitários vieram conversar comigo na emissora” se alegra o radialista.
Ele relatou “Certa vez eu trabalhava na coirmã Rádio Cultura, da meia noite às seis da manhã, quando anunciava o falecimento de uma pessoa conhecida, atropelada por um ônibus na rodovia Raposo Tavares. Às três horas manhã o corpo chegou ao necrotério e o ouvinte que trabalhava naquele local ligou para a rádio noticiando o falecimento. O sobrinho desta pessoa, morador do bairro Água Bonita, ligou o rádio para tirar leite e ouviu a notícia de que seu tio tinha morrido. Então, ele andou cinco quilômetros a cavalo para avisar seus familiares”. Apesar da dramaticidade do fato, este acontecimento o fez relembrar que, por alguns anos, no Brasil, o Rádio foi um dos poucos, senão o único meio de comunicação de muitos brasileiros, sendo um excelente prestador de serviço. “Nós anunciamos empregos, documentos perdidos. Às vezes, anunciamos algo perdido e em meia hora o documento ou objeto aparece”, esta é uma das gratificações de trabalhar no rádio.
Dos 90 anos do rádio no Brasil, a rádio Difusora tem 70. O comunicador não poderia deixar de prestar esta homenagem a este veículo de comunicação: “A Difusora foi a primeira rádio AM de Assis e região e tem muita credibilidade, valor e uma imensidão de serviços prestados a Assis e região”, prestigiou Pingo D’Água.
Com relação ao término de sua carreira como radialista, Pingo D’Água foi direto e sincero, como sempre. “Enquanto Deus me der voz e saúde e vou até morrer”. “Eu quero agradecer a todos e lembrar que o rádio é uma opção de vida”, confidenciou Pingo D’Água.
Confesso que se não tivéssemos outros compromissos, estaríamos até agora ouvindo o Pingo D’Água dando uma aula de cultura e Música Popular Brasileira, simplicidade e sabedoria de vida.
Em breve, outras pessoas ligadas ao rádio serão entrevistadas e terão seus trabalhos divulgados.
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